Disqus for Eclausuradas nas Histórias

Resenha: O Teorema Katherine

Edição: 1
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580573152
Ano: 2013
Páginas: 304
Tradutor: Renata Pettengill
Sinopse: Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam. Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.


 Antes de ler a resenha, por favor, aperte o play. 


     Colin é um garoto prodígio em fim de carreira. Como ele mesmo deixa nos bem claro, a diferença entre prodígio e gênio é gigante. Gênios são aqueles que criam e prodígios são aqueles que aprendem tudo o que os gênios criaram. Na maioria das vezes (para não falar todas), os prodígios tem tanta capacidade quanto uma pessoa comum, a única diferença é que eles aprendem as coisas mais rapidamente, tem facilidade nisso e realmente gostam de estudar.

     Após uma infância solitária repleta de competições e sempre com cara enfiada nos livros, Colin, agora com 17 anos, está em luto pelo fim de sua carreira de criança prodígio. O próprio Colin admite estar em uma minoria desafortunada de prodígios que não viram gênios na idade adulta.

     O principal problema de Colin é que ele só namora Katherines. Talvez seja uma obsessão com esse nome de nove letras ou apenas uma coincidência do destino, Colin não esclarece muito isso.

‘‘Quando se trata de garotas (e, no caso de Colin, quase sempre se tratava), todo mundo tem seu tipo. O de Colin Singleton não é físico, mas linguístico: ele gosta de Katherines. E não de Katies, nem Kats, nem Kitties, nem Cathys, nem Rynns, nem Trinas, nem Kays, nem Kates, nem – Deus o livre – Catherines. K-A-T-H-E-R-I-N-E. Já teve dezenove namoradas. Todas chamadas Katherine. E todas elas – cada uma, individualmente falando – terminaram com ele.’’ 

     Quando a Katherine XIX, (que também foi Katherine, a grande, a I) termina com ele (de novo), Colin se sente arrasado e junto com seu amigo Hassan (só eu que me lembrei de O Caçador de Pipas? <3), embarcam em uma viagem de carro sem destino.

     Nessa viagem, o principal objetivo de Colin é criar O Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines. A ideia principal do teorema é previr através de uma fórmula quando os relacionamentos com Katherines irão durar, baseado nos 19 relacionamentos que Colin já teve.

     O livro não se iguala a A Culpa É das Estrelas, mas tem seu mérito. John Green inovou escrevendo sobre prodígios, assunto que não era abordado em livros juvenis, tanto que muitas pessoas estranharam sua ideia. Mas, John Green é John Green, ele é um gênio e escreve com maestria sobre esse assunto incomum.

     Em alguns momentos, me deu a impressão que o próprio John Green foi uma criança prodígio que se tornou o gênio. Quem mais conseguiria inventar uma frase de 99 palavras onde a primeira letra de cada palavra significava um número de PI?

     Diferente de todos os seus livros já lançados, O Teorema Katherine é escrito em terceira pessoa, com uma narrativa detalhada de todos os personagens, mas não os tornando chatos ou piegas em nenhum momento.

     Hassan é o charme do livro, um meio-islâmico que faz piada com tudo, também foi uma crianças prodígio, mas não em um nível tão hard como Colin.

     Ouvi muitas críticas a Colin, dizendo que ele era chato e egocêntrico, mas me apaixonei por ele. O que posso fazer? É o tipo de garoto que eu gosto. Assim como Colin gosta de Katherines, eu gosto de garotos nerds bobões. Lógico que ele é ofuscado pelo Hassan, que é uma personagem que as pessoas gostam e queriam ser amigas, sem falar no seu humor sempre intacto, mas Colin não é tão ruim.

    Outro diferencial do livro são as notas de rodapés, que estão presentes em quase todas as páginas. Grande parte delas, são traduções de palavras em islâmico (que muitas vezes são faladas por Hassan), traduções de frases em outros idiomas (Colin fala 11 idiomas diferentes, então imaginem só), fatos históricos ou científicos. Para ser sincera, admito que pulei várias notas de rodapé, principalmente as que são só fatos históricos/científicos e, acreditem se quiser, são a maioria.

     Também achei interessante que Hassan e Colin têm uma linguagem, típica de melhores amigos, mas que não chega a ser cansativa, dá até vontade de começar a andar com eles só para falar as gírias que usam.

     Sei que muita gente não gostou de O Teorema Katherine porque leu A Culpa é Das Estrelas então esperava algo do gênero. Mas, apesar disso, o livro é bom, gente.

     O Teorema é pequeno, tem só 304 páginas, uma leitura leve, divertida e super recomendada.