Disqus for Eclausuradas nas Histórias

Resenha Premiada: Garota, Interrompida

Edição: 1
Editora: Única
ISBN: 9788573128628
Ano: 2013
Páginas: 190
Tradutor: Márcia Serra
Sinopse: Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era logo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.

     Olá pessoas, hoje vou fazer uma resenha sobre livro e vai ser a minha primeira, então espero que gostem.

     A adaptação desse livro nas telas é largamente conhecida e vangloriada e esse foi exatamente o motivo que me atraiu a conhecer a inspiração do filme. Eu tinha expectativas, e elas foram esmagadas completamente. Se você lê Garota, Interrompida esperando uma história muito semelhante ao filme, está completamente enganado. O roteiro do filme diluiu todo o potencial do livro, retirando as partes mais interessantes no relato da protagonista e as colocou entre intervalos de cenas para ganhar público, como os surtos de Lisa.

     Nos finais da década de 60, depois de uma tentativa de suicídio ao ingerir 50 aspirinas, Susanna se interna voluntariamente na clínica McLean, pressionada por um médico nada responsável, ela dá adeus à sua reputação social e começa a conviver com outras Garotas Interrompidas, como Polly, Lisa, Daisy e Georgina.

     Essas garotas lutavam todo dia para entender a sua própria doença, assim como Susanna. Ela se questiona sobre a sua "personalidade limítrofe" e se ela necessitava realmente estar internada numa clínica psiquiátrica por causa desse diagnóstico. As páginas são repletas de relatórios clínicos dela como uma paciente do McLean. As dúvidas também são plantadas na mente do leitor, e começamos à pensar se Susanna deveria estar ali ou não. Dúvida que é excluída completamente quando ela começa à analisar as características da sua própria doença (promiscuidade, tendências suicidas e depressão) comparando-as com as suas experiências e vemos que é uma questão de sanidade mental, e não comportamental.

"As cicatrizes não têm personalidade. Não são como a pele da gente: não mostram a idade ou alguma doença, a palidez ou o bronzeado. Não têm poros, pelos ou rugas. São uma espécie de fronha,que protege e esconde o que houver por baixo. Por isso as criamos. Porque temos algo a esconder."

    Os relatos não são contados de uma forma cronológica, e vendo tudo pelos olhos da protagonista, percebemos que os métodos nas clínicas de antigamente não eram completamente eficazes, e às vezes só pioravam o quadro das pacientes. Ela mesma teve um surto dentro da clínica e teve problemas em diferenciar o que era real e o que não era.

   Podemos acompanhar como é ser uma sociopata com Lisa, como é ter problemas alimentares com Daisy, e como é ter medo de si mesma ao olhar no espelho com Polly.

   Ao ritmo em que Susanna se foca na psicanálise de Freud e explana cada ponto sobre a sua doença, conseguimos entender realmente a dificuldade que ela teve com o termo "limítrofe", e que ele foi empregado porque no caso da personagem, não há limite algum nas suas atitudes, e os impulsos a controlam.

   No final eu pude finalmente compreender o significado do título do livro, uma curiosidade que eu sempre tive e que não me lembro de ter sido saciada com o filme.

    "Dessa vez, li o título da pintura: Garota interrompida em sua música.
     Interrompida em sua música: tal qual acontecera com a minha vida, interrompida durante a música dos 17 anos, tal qual a vida dela, roubada e presa a uma tela; um momento congelado no tempo mais importante que todos os outros momentos, quaisquer que fossem ou que viessem a ser. Quem pode se recuperar disso?"

   A narrativa por vezes pode ser excruciante, mas é ótimo saber que Susanna superou tudo. Me identifiquei em algumas partes e entrar literalmente numa realidade tão diferente da minha foi fascinante.


Sorteio


     A Editora Única, gentilmente cedeu um exemplar para promoção aqui no blog. Você também quer conhecer Susanna? Participe e concorra. Boa sorte!


Regras gerais:
- Residir em território brasileiro.
- A Editora tem até 30 dias para o envio do livro.
- Após o resultado, um e-mail será enviado para o vencedor e este terá até 48 horas para responder, caso contrário, um novo sorteio será feito.