Disqus for Eclausuradas nas Histórias

Resenha: O Azarão

Edição: 1
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528616439
Ano: 2012
Páginas: 176
Tradutor: Ana Resende
Sinopse: Antes de tornar-se mundialmente conhecido, Markus Zusak escreveu uma trilogia de sucesso que somente agora está sendo publicada no Brasil. O primeiro título chama-se O Azarão. Fãs de A menina que roubava livros não podem deixar de ler os romances que inciaram a carreira estelar desse autor. Narrado em primeira pessoa, o livro apresenta a história de Cameron Wolfe, um garoto de 15 anos, perdido na vida e que vive às turras com a família. Trabalha com o pai encanador e sua mãe está sempre brigando com os filhos, na pequena casa onde todos moram juntos. Steve é o mais velho e mais bem-sucedido. Sarah é a segunda, e está sempre dando uns amassos com o namorado. Rube é o terceiro e o mais próximo de Cameron. Os dois, além de boxeadores amadores, vivem armando esquemas para roubar lojas e outros locais do tipo. Contudo, os planos nunca saem do papel. Uma história sobre a vida e sobre as lições que dela podem ser tiradas. Um romance de formação que exibe um jovem incorrigível, infeliz consigo mesmo e com sua vida. - "Tento ser humano em minha escrita. Comecei a escrever porque era o caminho natural. Durante o ensino médio eu era muito introvertido. Sempre tinha histórias na cabeça. Então comecei a escrevê-las." - Markus Zusak


Antes de ler a resenha, por favor, aperte o play. 

       Markus, será mesmo que me apaixonarei por tudo que você escreve? 
  
       Aposto que só de ouvir o nome Markus Zusak muitos de vocês irão lembrar dele, o autor de A Menina Que Roubava Livros. Zusak nos surpreende bastante escrevendo O Azarão, uma leitura leve e super distinta.

     Cameron Wolfe é um jovem de 15 anos, o mais novo de quatro irmãos e denomina a si mesmo como um perdedor, mas será que ele é mesmo?

Eu sempre ia viver com esse tipo de falta de confiança em mim mesmo, de dúvida em relação à civilização à minha volta? Eu sempre ia me sentir tão pequeno que ia doer, e que mesmo o grito mais alto, rugindo da minha garganta, era, na verdade, apenas um lamento? Será que meus passos iam sempre parar de modo tão súbito e afundar no caminho?

     O Azarão é daqueles livros que você ama tanto que fica sem palavras. É muito difícil dizer que não se identificou com Cameron ou pelo menos com uma das situações em que ele se encontra. Cam tem sede de mudança, sabe? Ele tem consciência do estado em que se encontra e quer mudá-lo. Admito que aprecio muito isso.

     No livro, são abordados diferentes assuntos mas todos eles são comuns em nossa realidade; o dia-a-dia de pais que passam o dia trabalhando e ficam pouco tempo em casa, o amor adolescente, amizades que terminaram mesmo achando que não iriam, dívidas e, principalmente, sonhos.

    Cada fim de capítulo, é nos mostrado um sonho de Cameron, alguns simbolizam algo que Cam quer que aconteça, outros a sua realidade de uma forma diferente e tem uns que somente ele mesmo entende.

- Ele está lutando contra o mundo.
E, agora, observo o azarão no meio do círculo lutar, pôr-se de pé, cair e voltar a se apoiar nos quadris e nos pés, e lutar de novo. Ele continua na luta, por mais que caia. Levanta. Algumas pessoas comemoram. Outras riem agora e xingam.

    O crescimento de Cam ao decorrer do livro foi algo admirável, ao mesmo tempo que ele quer se aventurar com seu irmão mais velho, também tem plena consciência de suas burradas e da vergonha que seus pais tem dele.

     O livro é curtinho, tem apenas 176 e após terminá-lo, queria mais. Não reclamaria de ler 500 páginas só sobre Cameron, sério. O Azarão me tocou de uma forma diferente de todos os livros que já li, eu o compreendi. E essa sensação, de se sentir em um livro que você gostou muito, é indescritível. Entendi tudo o que Cameron passou, entendi como ele se sentia e tomei suas dores.

Se você voltar a me chamar de perdedor, vou quebrar a sua cara. - Falei sério, e pude perceber pela expressão em seu rosto que ele sabia que eu estava falando sério. Ele até sorriu, como se soubesse de alguma coisa. - Eu sou um lutador. - concluí. - Não um perdedor. Tem diferença.

    Esse foi o meu primeiro contato com um livro da editora Bertrand e estou encantada. A capa é maravilhosa, com aquela camada fofa(?) e macia e o nome é em relevo.

   Recomendo O Azarão para aqueles que estão afim de uma leitura leve e despretensiosa.